Este espaço é destinado à exposição das miscelâneas de minhas principais atividades na vida, como a minha senda o ambientalismo e o meu hobby principal, o xadrez (jogo-arte-ciência), assim como minhas paixões, meus filhos e minha solidão. Relato, também, as experiências significativas que passei, para aprender as lições que nasci para aprender e assim crescer como ser humano e evoluir espiritualmente. No fundo sou um espírito viajando na vida do macaco Homo sapiens Paulo Saraiva.
3 de nov. de 2008
Coleção de Simpatias pra Asma
Qualquer um tinha autoridade sobre minha vontade e me receitavam de tudo que é possível imaginar como, por exemplo, chá de lesma, feijoada de caruncho, chá de maconha, coração de bananeira, e por ai vai. Como estava nas mãos das pessoas tomei coisas que até hoje não sei o que era (não podia) desconfio de alguma coisa com bosta de cavalo, ahrg, me arrepio só de imaginar, se pelo menos alguma coisa funcionasse, só que nada adiantou!
Fiquei desencantado com o conhecimento humano, pois uma simples falta de ar tinha me vencido e era ponto pacífico, pois não havia cura na medicina e nem na “pajelança”, a última esperança dos aflitos, só havia feito papel de brocoió, ou cobaia de malucos!
O tempo foi passando e a resignação tomando conta do meu coração, por que lutar contra um adversário que não pode ser vencido, quais as lições que poderia tirar daquela experiência de conviver com sérias limitações físicas, sim sérias porque só quem tem asma conhece o desespero de ser abruptamente acometido por uma dispnéia. Normalmente inicia por uma crise de espirros, depois tosse seca e por fim uma sensação de se estar estufado, cheio de ar inútil, por não poder ser respirado. É uma sensação assustadora! Se o camarada é meio frouxo das pernas é capaz de “morrer de susto”.
Mas como disse o velho Miguel de Cervantes Savedra: “aquilo que corrompe a melhor corda de cânhamo e corrói a espada do melhor aço, também fortalece o braço”, aprendi a tirar proveito da minha deficiência, fui descobrindo, com o tempo que o meu temperamento estava mudando, eu que era irritadiço, neurastênico e super-ansioso, estava me tornando um cara mais tranqüilo, mais sereno nas atitudes do dia-a -dia e até nos momentos de tensão conseguia manter a calma, ou na pior das hipóteses controlava a ira em situações enfarruscadas.
Estava mudando, para melhor, e a asma era a responsável pela mudança, não pairava a menor dúvida sobre a melhoria na qualidade de vida que eu estava ganhando de contrapartida, e a doença outrora tão amaldiçoada apresentava, agora, a sua face abençoada e benevolente. Não podia fazer esforços demasiados, mas quem quer fazer grandes esforços? Não podia mais fumar ou conviver em ambientes enfumaçados o que era muito bom para minha saúde, até o cheiro de peido (dos outros) devia evitar, então, por que lamentar tanto, se no balanço final os benefícios de longe superavam uma simples falta de ar?
Na verdade sempre consegui controlar os momentos de sufoco, ora com a bombinha de aerolyn, ora com uma boa nebulização, então passei a levar na esportiva e hoje em dia, por brincadeira, sempre que encontro uma “vítima” em potencial, relato meu caso, só para anotar mais uma simpatia para asma, pois quase todo mundo tem uma para dar e, eu que tenho uma coleção para zelar, catalogar por gênero de asco e espécie de esquisitice escuto atenciosamente a receita miraculosa. Se duvida de mim faça um teste, escolha a “vítima”, faça uma cara de sofreguidão e, com a cabeça baixa, tasque!: - “eu tenho asma!”.
Verão de MMVI
31 de out. de 2008
Lendas urbanas! 2
Na década de 60, em plena ditadura militar no Brasil (e guerra fria no mundo), enquanto centenas de pessoas morriam pisoteadas em meio às multidões enlouquecidas pelos shows dos beatles, circulava de boca em pé de orelha, em bares e reuniões dançantes, a história de uma horripilante pesquisa realizada pela CIA sobre a famigerada propaganda subliminar.
Na época comentava-se, inclusive, de que esta “propaganda” teria sido largamente usada por Hitler na sua demente carnificina. E mais, segundo os vanguardeiros daqueles anos de chumbo este tipo de técnica de hipnose coletiva para manipulação das massas já existia desde os primórdios do cinema, no início do século XX.
A técnica subliminar consistia no seguinte artifício: colocavam-se frases comandos, intercaladas, entre os quadrinhos da fita do filme que seria projetado, baseado na premissa de que na visão humana o cérebro de uma pessoa que assiste a uma sessão cinemetográfica consegue captar inconscientemente as frases comandos, devido ao fato de que os olhos perceberiam a movimentação no filme de 46 em 46 quadrinhos, daí a chave para o funcionamento da propaganda sacana, ou seja, sem ter consciência os olhos da pessoa captariam a imagem da frase elaborada pelos patifes e mandaria direto para as camadas inconscientes da mente da vítima, sem passarem pelo filtro dos freios morais, causando nos espectadores uma espécie de comando hipnótico.
A CIA teria, então, para comprovar a falcatrua, promovido uma sessão de cinema aberta ao público, em New York (talvez você tenha participado), em que as frases comandos colocadas na fita seriam “beba coca-cola e coma pipoca”. Durante a exibição da película foi tudo normal como em qualquer outra, mas no final, quando os espectadores saíram do prédio do cine, aglomeraram-se histericamente em torno de duas barraquinhas colocadas estrategicamente nos dois lados da saída, sendo que uma vendia pipoca e a outra coca-cola. Nem é preciso dizer que todos os produtos foram vendidos!
30 de out. de 2008
Lendas urbanas!
Na universidade norte-americana Harvard, cientistas dos laboratórios de genética e do de psicologia, do departamento de psiquiatria, organizaram um teste, no qual os alunos identificados como consumidores contumazes de bebidas alcoólicas foram selecionados e convidados para participarem de uma pesquisa. A dinâmica da pesquisa consistia na identificação de marcas de cerveja, pelos participantes, os quais, após provarem várias marcas em recipientes catalogados apenas por números, deveriam posteriormente preencher um questionário com o objetivo de saber-se informações sobre: identificação, preferência de marca, paladar, consistência, graduação alcoólica, etc. Vários itens foram relacionados na ficha.
Após o teste, as “provas” foram entregues aos pesquisadores (cientistas) e o evento se transformou numa grande festa de confraternização entre os presentes, que livremente tiveram todo o estoque de bebida, restante, disponibilizado para o consumo. Tudo estava sendo gravado por câmaras espalhadas pelo recinto. A gandaia estava armada! Altas horas da matina quase todos os estudantes já estavam de “cara-cheia” e muitos já caindo pelas tabelas. O manguaço foi grande!
No dia seguinte foi publicado o resultado da etílica e alegre pesquisa.
Revelação: a pesquisa era sobre as teses sobre as influências da predisposição causada pelos fatores genéticos (gerador de dependência química) X a apologia sociocultural (psicosocial) do consumo de bebidas alcoólicas, ou seja, qual dos fatores do alcoolismo teria mais influência no consumo entre os estudantes universitários.
1ª Constatação: a bebida servida era toda da mesma marca!
2ª Constatação: A cerveja do teste não continha álcool!
29 de out. de 2008
Sofismas famosos!
“Já dizia o sábio grego que todo grego quando falava mentia. Mas se todo grego quando falava mentia o sábio grego também mentia. Mas se mentia, dizia a verdade quando falava que todo grego quando falava mentia. Mas se falava a verdade, mentia! Mas se mentia, falava a verdade!” Mentia ou falava a verdade?
Outro legal.
“Se Deus é todo poderoso e pode tudo, ele pode fazer uma pedra que não possa carregar! Mas se ele não puder carregar a pedra que fez, não pode tudo! Mas pode tudo se fizer uma pedra que não possa carregar! Mas se não carregar a pedra não pode tudo! Mas pode tudo, inclusive fazer uma pedra que não possa carregar! Pode tudo ou não pode?
Deus é concreto ou abstrato?
“As nossas idéias dependem do nosso pensamento para existir, certo? E tudo que existe de concreto não depende do nosso pensamento para existir, pois se morrêssemos agora tudo continuaria existindo, certo? A questão é: Deus depende do nosso pensamento para existir? Se a resposta for não, Deus é concreto e não depende do nosso pensamento para existir! Se a resposta for sim, Deus é abstrato e depende do nosso pensamento para existir!”
26 de out. de 2008
Cachorro Velho
Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que viu. Negociaria com o predador seu conhecimento de que o cachorro não havia comido leopardo algum, por proteção para si mesmo. E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa: - “Aí tem coisa!”. O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.
O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz: - “Aí, macaco! Suba nas minhas costas para ver o que acontece com aquele cachorro abusado!”
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa: - “E agora o que é que eu posso fazer? Mas em vez de correr (sabe que suas pernas doídas não o levariam longe...), o cachorro senta, mais uma vez dando as costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz: – “Cadê o safado daquele macaco? Estou com fome! Eu o mandei buscar outro leopardo para mim, e ele tá demorando tanto!”.
Moral da história: Não mecha com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepõe à juventude e intriga. Sabedoria só vem com idade e experiência.
25 de out. de 2008
Ética é uma coisa relativa?
21 de out. de 2008
Cubo Mágico
Para iniciar a sessão, o coordenador deve pedir que o consulente fique numa posição confortável, relaxado, de preferência sentado e com os lhos fechados. Então, o coordenador propõe, passo a passo, os seguintes questionamentos:
- Imagine um cubo sobre as areias do deserto!
- Como ele é? (forma, estrutura, cor, composição, tamanho, se está flutuando ou assentado na areia, se é pesado ou leve, transparente ou sólido, etc.). Descreva.
- Imagine, agora, uma escada!
- Como ela é? (quais as características – guie-se pelas sugestões acima) Descreva.
- Imagine que de repente surge uma chuva – no mesmo deserto!
- Como ela é e quais as suas reações? Descreva.
- Imagine um oásis com uma pequena cachoeira e um pequeno lago!
- Quais são as particularidades do cenário e suas reações emocionais? Descreva.
- Imagine, agora, que surge um cavalo (ou égua) neste quadro!
- Como ele é, o que está fazendo e o que você sente? Descreva.
- Finalmente imagine flores neste local!
- Descreva suas características e os seus sentimentos.
Obs.: O coordenador deve anotar o relato, item por item, para depois traduzir.
.................................................................
Resultados: O cubo é você; a escada é um (a) amigo (a) especial; a chuva representa seus problemas; a cachoeira e lago é a sua vida neste momento; o cavalo (ou égua) é a pessoa que você está interessado; e, as flores são filhos ou crianças de suas relações.
Texto adaptado
18 de out. de 2008
Um Padre Urubuzando!
Certo dia fui acordado mais cedo que o habitual pelo barulho do pessoal da limpeza e aprovetei para continuar a leitura que havia deixado na noite anterior, então, de repente ouvi passos no corredor e, aí, pensei contente, que bom vir alguém para bater papo de manhãzinha, baixei o livro para ver quem era, pois o meu leito estava de frente para a porta e, para minha surpresa, dei de cara com um velho padre, de batina preta e bíblia na mão, entrando no quarto. Fiquei perplexo quando ele me olhou fixamente e veio em minha direção, com passos firmes e a cabeça erguida, era um homem magro, alto e tinha os cabelos completamente brancos. Naquele instante passou milhões de coisas na minha mente, mas sempre começando pela sensação de estar encalacrado. O padre se aproximou do meu leito, esticou a mão e pegou a prancheta com o prontuário, que fica pendurada nas grades dos "pés" de todas as camas. O velho sacerdote ajeitou o óculos e leu minha ficha atentamente com o braço bem afastado, então, rapidamente levantou os olhos, me fitou novamente e disse: - Não é o senhor! - e saiu em direção a outras camas até achar a sua "encomendação". Aquele momento pareceu-me uma eternidade. Só saí do susto quando escutei a risada abafada do meu colega da cama ao lado, o Seu Júlio, que com a mão na boca para não soltar uma gargalhada, apontou para mim e falou: - Olha o jeito que tu tá! Eu estava "branco" de medo e havia escorregado pela cama, puxando inconscientemente o cobertor, ficara somente com os olhos arregalados de fora! Que situação embaraçosa! Ou melhor, como diria um grande amigo, " que parada enfarruscada!"
16 de out. de 2008
Espaço democrático!
Estão sempre procurando um jeitinho anti-ético para resolverem suas pendengas. A lei Gerson é a principal da cosntituição deste país.
O tradicionalismo, por sua vez, não é um movimento histórico, é cultural e ideológico. Deriva da expressão norte-americana folk loren, daí folclore, que idealiza principalmente o comportamento e a indumentária dos primeiros colonizadores do RS. Aqueles aventureiros, em grande parte degredados de seus países, que na verdade eram escravagistas, grileiros e violentos, pois massacraram povoações indígenas inteiras.
Mas como desabafei sobre coisas que não gosto, me sinto na obrigação de pelo menos citar algumas que aprecio. Lá vai: Xadrez esportivo, música clássica (menos a russa), música romântica, rock balada (principalmente o derivado do cowntry), animais (principalmente os silvestres, que são mais indefesos), minhas amizades (no fundo a nossa vida se resume na qualidade de nossas relações), natureza (em oposição a cultura "des' humana"), beleza feminina (feminilidade), respeito a dignidade humana (alteridade), integridade moral (viver com ética), Jesus Cristo (sem palavras), o guru Srhi Srhi Anandamurtijiil, o guru Satya Say Baba (guru= aquele que liberta da escuridão). Poderia ficar aqui horas relacionando as coisas que me fazem a cabeça, pois são tantas... mas uma especial é escrever e colocar explicações entre parênteses.
15 de out. de 2008
O melhor amigo do homem!
14 de out. de 2008
Pra refletir
acreditar naquilo que deseja"
Demóstenes - filósofo grego
Pra meditar
O cara quando está sem sorte até na laje se atola!
Depois que vi macaco andar de bicicleta acredito que
qualquer imbecil pode ter diploma (Volnei).
13 de out. de 2008
Crise moral!
Policiais e políticos deveriam ter pena dobrada por seus crimes.
Viva a polícia federal que resiste honradamente neste mar de lama!
Sempre é bom lembrar daquele trecho do discurso de Ruy Barbosa, lá vai:
"de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver
crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar da virtude, rir-se da honra e ter
vergonha de ser honesto"
(Ruy Barbosa - 1914)
12 de out. de 2008
Por onde anda o Vergara?
O Vergara era um expert professor de história e dava aula usando gíria como usava nas conversas conosco, isso prendia a atenção dos alunos a tal ponto que pareciam ficar hipnotizados. Certa vez, eu o aguardava na porta da sala de aula enquanto ele terminava uma lição sobre o julgamento de Jesus Cristo, e ele saiu-se com esta: "daí, o loco do Barrabás juntou sua trupe, os zelotes, e fez um inchaço na assembléia, bicho, deixando Cristo "sem pai e sem mãe", então Pilatos, que já tava 'a bangu, mesmo', rifou o cara na votação e depois lavou as mãos!' , com a maior "cara-de-pau!".
Grande figura o Vergara!
11 de out. de 2008
Toca Fogo!!!
-¨Os cabos eleitorais do Collor estão pichando as paradas que vocês estão caiando!¨, disse, esbaforido, o companheiro mariano.
-Não pode ser. Tem certeza? Perguntou o Leonel incrédulo.
-Claro que sim, passei por eles na frente do clube Cantegril e vi tudo! Confirmou o companheiro Mariano, gesticulando indignado.
Era demais que eles tivessem a cara-de-pau de pegar carona no nosso trabalho, não tanto pelo oportunismo, mas pelo fato de que eles deveriam estar rindo da nossa cara pela sacanagem. Ficamos tão irritados com a notícia que se não fosse o bom senso do companheiro Leonel poderia ter acontecido um massacre. Decidimos, então, de que o Leonel acumularia as funções de motorista e representante do grupo, quando encontrássemos os nossos desafetos, pois os outros estavam totalmente descontrolados e só falavam em ¨dar pau¨, ¨quebrar a cara¨e outra série de ameaças talvez do mesmo nível, mas nem tão importante que se possa mencionar, (ninguém tinha um mísero canivete no bolso). Passado o furor, damos inicio a empreitada: localizar os malditos "espertos".
Passando o Colégio Isabel de Espanha avistamos um fuquinha ao lado do abrigo da parada 33. Mais um pouco e já dava para ver a dupla de abusados com a mão na massa, ou melhor nas trinchas. Pegamos na tampinha! O flagrante estava dado. Agora dependíamos dos argumentos do ¨embaixador¨, apesar da indignação de todos. Paramos o ônibus um pouco à frente do local e descemos cheios de razão. O líder Leonel à frente, impávido, exigindo explicações, com o dedo em riste. Cercamos os dois gaiatos e quando iniciaram a chorumela, o Edinho, podre de bêbado, que havia se afastado sorrateiramente aproximou-se do grupo e num bote acomodou um porrete no lombo de um deles. Um grito na madrugada. Os dois saíram em desabalada carreira, em direção ao fuquinha e nós atrás, mas quando chegamos perto do carro olhei pelo pára-brisa traseiro e com meus “olhos de lince¨ vi um tremendo facão três-listras tão novinho que relampeava entre os bancos da frente. Nem pensei duas vezes, para evitar que alguém se machucasse num possível revide e na esperança de que os gaiatos concluíssem sua fuga, soltei um estrondoso grito bem no meio da confusão: ¨TOCA FOGO! TOCA FOGO!¨. Este ardil era simplesmente para que os dois sujeitos pensassem que tínhamos uma arma e realmente fugissem do local. Porém, esqueci de avisar os meus companheiros. Quando terminei de berrar, senti uma trombada frontal que me atirou uns dois metros para trás, me fazendo despencar num barranco. Até pensei ter levado um tiro de doze, mas era o companheiro Natalino que me deu um peitaço, fugindo. Quando fui levantar senti uma mão me agarrar e me arrastar para trás de umas pedras. Não entendia porque os nossos estavam correndo desesperadamente em todas as direções e, então, perguntei ao Natalino, que ofegante respondeu:
-Ué, tu não ouviu eles gritarem ¨toca fogo¨?
-Mas fui eu que gritei, companheiro! Afirmei.
-Não foi não, foram eles! Reafirmou, cochichando, o companheiro Elias que rastejava atrás de um muro.
Naquela altura do campeonato nem procurei insistir. Achei que seria linchado. Ainda acho. Fiquei ali anestesiado de tanta vontade de rir, mas não podia cometer este erro, levaria uma sova de todos. Passou-se alguns segundos que pareciam uma eternidade e o denso silêncio que envolvia a cena foi rompido pelos ruidosos arranques dos dois carros que não queriam pegar, era nhô nhô nhô nhô nhô de um lado e nhé nhé nhé nhé nhé do outro, acho que por nervosismo dos motoristas, nem o ônibus nem o fuca conseguiam pegar. O pânico era geral. Os petistas já tinham invadido um pátio cheio de cachorros e gritavam sem parar. De onde estávamos dava para escutar nitidamente o Edinho suplicar dentro do ônibus:
-¨pelo amor de Deus, Leonel, faz pegar esta merda senão eles vão dar tiro na gente!¨
Passaram-se alguns minutos e, finalmente, os motores roncaram. A fuga parecia cena de cinema pastelão. Corriam um do outro, lado a lado, até o próximo retorno, que era perto e voltaram pelo outro lado da faixa. Os do Collor reboleavam o facão no ar e esbravejavam, os nossos aceleravam e empurravam o fuca com a lateral do ônibus. Quando passavam ao ponto em que estávamos nos reagrupamos e num ímpeto de coragem passamos a jogar pedras e paus nos, agora, inimigos declarados, até que eles não suportaram a pressão e fugiram em alta velocidade (o fuquinha saiu voando). Era o fim da batalha, enfim podíamos lamber as feridas e fazer o inventário. O Victor e o Hélio, do PT, como sempre, queriam fazer uma reunião de avaliação e nos brizolistas loucos para tomar um trago e relaxar. Ganhamos é óbvio, a maioria não queria mais saber de papo furado depois de tamanha presepada.
Logo em seguida o grupo estava reposto e reunido para partir, mas ainda faltava um, o companheiro Joaquim Piedade. O vileiro mais valente, pois segundo alguns morava na "boca mais 'encardida"da vila Cecília. O único informe é que o tinham-no visto numa correria desenfreada e desaparecendo numa rua escura, ao lado de uma oficina mecânica. Começamos, então, a chamá-lo pelo nome e o desgarrado apareceu de repente, todo sujo de graxa preta e arrastando um enorme cano de descarga. Estava, agora todo cheio de coragem e pronto pra briga. Falava alto e grosso:
-¨cadê os caras?¨
As nossas atividades naquele dia estavam encerradas e hoje compreendo bem o porquê de durante um bom tempo não me deixarem mais participar das pichações.
1988
Cara ou Coroa?
10 de out. de 2008
O Boneco Enforcado
No ônibus o famoso e inevitável segundo tempo dançava ruidosamente entre os passageiros sobre a espetacular vitória tricolor. A alegre flauta de uns, a triste troca de¨receitas de bolo¨ de outros.
A certa altura das gozações um passageiro até então desconhecido, mas na ocasião aliado dos vitoriosos comentou que após o primeiro gol do adversário (a vitória foi de virada), o seu vizinho da frente de sua casa, e torcedor colorado doente, cujo time não estava jogando, estava numa secação extremada. Explico: O danado pendurou um boneco numa forca, vestido com a camiseta do Grêmio, na soleira da porta e junto com outros amigos acampou em algumas cadeiras na frente da casa e ficaram escutando o jogo num radinho e tomando cerveja.
Quando houve o gol do empate, o que contava a estória foi verificar e percebeu que já não havia ninguém na frente da casa, mas o boneco permanecia ali, enforcado à porta. No momento do gol da virada (e da vitória) e já no finalzinho do segundo tempo, novamente o tricolor foi dar uma olhadela para conferir a cena e então ficou estupefato quando se deparou com a fachada da casa completamente limpa, sem boneco e sem torcedores. Por que será, heim?
Contei esta estória num bar, como se tivesse acontecido comigo e meu vizinho, só para ver a reação de um conhecido grupo de colorados que estavam na mesa ao lado e capitalizar as óbvias gargalhadas da flauta.
No outro dia no mesmo bar um amigo que havia escutado a minha interessante meia verdade revelou que em outra ocasião havia usado a minha estória como se tivesse acontecido com ele, só para alegrar os amigos e gozar os adversários e também por ser uma boa lorota, como todos acharam. Mas o mais interessante é que ele achou a maior graça quando falei que também havia mentido sobre a autoria. Então concluímos que duas meia-verdades resultava numa verdade inteira e ainda sobrava uma boa mentira.
Nos jogos seguintes vários casos de bonecos enforcados em frente de casas de adversários foram relatados por outros amigos. Era o sinal que precisávamos para ficar tranqüilos, as próximas estórias seriam verdadeiras.
Novembro de 1998
7 de out. de 2008
O Cafajeste!
Estou perplexo com o que testemunhei no dia da eleição. Rumores de compra de, pasmem, candidatos ao cargo de vereador, isto mesmo, não foi simplesmente compra de votos, mas compra de candidatos! E com grandes somas em dinheiro vivo! Hoje em dia grande parte dos candidatos compram os votos dos eleitores indiretamente,ou seja, contratam os “bocas-de-urna” para panfletarem a “cola” (santinho) do candidato que na maioria das vezes não tem nada de santinho, nas proximidades de uma seção eleitoral e eles desrespeitosamente ficam assediando os eleitores na entrada e, pasmem novamente, dentro do local de votação! Numa escrachada afronta debochada da legítima e sagrada democracia. Um verdadeiro festival de constrangimento ao direito do eleitor de pensar e decidir em qual candidato irá votar.
Acho que o fim do mundo está próximo, explico: Nunca se viu tanta corrupção e tantos candidatos corruptos se candidatarem e se elegerem de forma ilegítima. Mas quem fiscaliza a eleição? Os fiscais dos partidos? Os tribunais eleitorais? A polícia?
Uma nova modalidade de fraude está em voga, o candidato promete 50,00 para quem mostrar o registro da votação gravada num celular! Não é mais uma ingênua gratificação para os militantes fazerem presença com as bandeiras e camisetas no dia da votação, o que muitos chamam de “propaganda silenciosa”, mas a invasão da sagrada privacidade do direito do eleitor decidir em quem quer votar é uma violência à consciência do cidadão!
3 de set. de 2008
A Borboleta Coruja
Eu sempre gostei de borboletas, aliás, este é o animalzinho mais belo na face da terra, pois além da beleza natural de suas cores considero este bichinho muito esperto, ágil e alegre. Mas o fato que vou relatar teve grande significado na minha vida devido ao impressionante mistério (presságio) que aconteceu comigo e uma bela e enorme borboleta Coruja. Era aproximadamente 6h da tarde de março de 2008, um dia muito quente, eu e o meu amigo Volnei estávamos sentados nas pedras do terreno da esquina proseando e tomando uma lata de cerveja, cada um, quando, entrementes, passou uma enorme borboleta na nossa frente voando graciosamente em direção às árvores do fundo do pátio, neste interim comentei sobre a beleza daquele animal, então ela deu meia volta, veio por trás de nós e pousou no meu ombro esquerdo, ficamos boquiabertos pois ela parou uns cinco segundos e, quando pensamos que iria embora, pousou no meu rosto, brevemente, para nosso assombro, quando achamos que ela sairia voando, o que seria natural, ela pulou nos meus lábios, um instante e, depois saiu voando alegremente, como antes, para o lugar de onde tinha vindo.
No outro dia eu tinha um assunto importante para tratar e, então o resultado foi favorável.
Meses antes, numa situação anterior, quando eu saí de casa, uma pequena borboleta ficou presa no limpador de parabrisa, mas como eu já estava atrasado e não parei para tirá-la, levei então a bichinha até o meu destino, local onde a retirei do local. O resultado da tratativa foi favorável, também!
1 de set. de 2008
Os covardes!
os mesmos que adulam os mais fortes"
Ovídio (orador latino)
24 de mai. de 2008
Universo
23 de mai. de 2008
Caminhante
Obs.: Note-se que o tradutor
falha ao traduzir estelas por estrelas,
mas foi feliz no erro, pois ficou bem melhor
(figura mais bela) do que se colocasse sulcos
(marcas da passagem um barco - que logo
se apagam).
Há na história muitos casos de tradução
que se notabilizaram por causar
constrangimentos aos tradutores,
pelo sentido ilário e ridicularizante e até
contraditório, mas há um caso, em especial, pois não
se trata da essência da tradução e sim
do significado da expressão, em que o
autor, Lenine (líder comunista soviético)
escreveu um livro que nem precisava ter
escrito, era só fazer o layout da capa e
colocar o título, este sim extremamente
auto-explicativo para sua tese sumamente
óbvia, lógica. Explico: O título do livro
é "Esquerdismo, a doença infantil do
comunismo."
22 de mai. de 2008
fragmento do poema "Via Láctea" de Olavo Bilac
pois me lembrei da bela música do Belquior que cita o trecho.
Dois gigantes da arte, um da poesia e outro da música.
Via Láctea - XIII
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouví-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas! Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo!"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só que ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas."
Olavo Bilac
Natureza
e a cultura humana é a responsável, logo,
o caminho é a humanização da cultura,
assim a natureza estará em armonia
com a humanidade"
7 de mai. de 2008
Poe Minhas
Vejo-me no espelho-d'água
entre os átomos que somos
há sombras de outro lugar.
Serei coração que bate,
ou brancas nuvens no céu?
O que foi feito de mim
por tudo dentro do espelho?
Serei traços do passado
num hiato, ou só linguagem?
Como ser pedra e vidraça,
se sou apenas imagem
dançando por entre as ondas
da fria água que passa?