6 de jan. de 2010

Uma forma de comunicação que devemos entender para saber o que e como os (pré) adolescentes estão pensando, e então poder orientá-los melhor

Bondes

O crescente número de rabiscos quase indecifráveis em muros e paredes de Porto Alegre são a confirmação da invasão dos bondes na Capital.

Segundo a Polícia Civil, bondes são grupos de adolescentes entre 13 e 17 anos, responsáveis não só pela pichação, mas também por arrastões e roubos em parques e em frente a escolas da Capital. Desde o ano passado, 22 desses bondes, que atuam no centro e na zona sul da cidade, são investigados pela 1ª Delegacia de Polícia para o Adolescente Infrator (1ª Dpai) do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca).

É que a gente estava registrando uma ocorrência e não ouviu o barulho da brocha

Ao investigar a morte de dois adolescentes que participavam de bondes do Centro e do bairro Partenon, a polícia descobriu a ligação entre os grupos e os crimes. Além disso, constatou a participação de adolescentes em roubos praticados em frente a escolas, arrastões em festas e parques e em pichações. Os rabiscos são uma espécie de código que demarca o território de atuação de cada bando.

— Eles se conhecem na escola ou na internet, marcam os encontros e saem para atacar. Na internet, sentem-se onipotentes. Os pais acham que, dando um computador para o filho, ele vai ficar seguro em casa e mal sabem que o guri está no computador marcando um arrastão — diz o delegado Christian Nedel, que investiga os bondes.

Na internet, os bondes são encontrados com facilidade. No Orkut (site de relacionamentos), são diversas páginas em que os adolescentes posam para fotografias com armas, ao lado de suas pichações ao até mesmo em fotos feitas durante as ações dos bandos, em arrastões e pichações.

Organizados em duas comunidades (Bondes de Poa I e II), a lista dos grupos soma 86 nomes. Se somados aos 22 que a 1ª Dpai está investigando, são 108 bondes atuando em toda a Capital.

Grupos se encontram em parques e shoppings

Nos finais de semana é fácil encontrar os bondes. Eles se encontram nos parques Marinha do Brasil, Redenção e Germânia e nos corredores dos maiores shoppings. Além disso, as festas funks são território livre para a atuação dos grupos.

— É que os da Zona Norte não se dão com os da Zona Sul — explica um adolescente que participa de um dos bondes.

Com medo de ser morto ao revelar os segredos dos grupos, o adolescente pediu para não ser identificado e que o nome de seu bonde não fosse citado. Aluno do 1º ano do Ensino Médio, o garoto de 16 anos revela que, quando reunidos, os bondes fazem os arrastões para roubar. Os tênis, os casacos e as correntes são considerados os troféus de guerra. Como os adversários saem armados de casa, o jovem parou de freqüentar os parques. Agora ele só vai aos bailes em que sabe que os bondes contrários não estarão.”